Criança também sofre de distúrbio na tireoide. Saiba identificar sintomas

Pesquisa mostra que falta de comunicação com médicos pode afetar diagnóstico

Diarreia, cansaço, irritabilidade, falta de concentração. Qualquer pai ou mãe perceberia que estes são indicativos de que algo não vai bem no organismo do seu filho, mas quantos cogitariam que o problema poderia estar ligado a um distúrbio na tireoide?

De acordo com uma pesquisa realizada com 1.600 mães de 16 países, com filhos entre zero e 15 anos, a taxa de brasileiras entrevistadas que dizem que fariam a conexão entre os sintomas e o mal funcionamento da glândula variou entre apenas 17% e 26%. No entanto, 90% delas têm conhecimento de que problemas na tireoide podem afetar a saúde dos pequenos.

“O conhecimento a respeito dos distúrbios da tireoide no Brasil é acima da média, mas, sobre os sintomas, o quadro ainda precisa ser melhorado”, avalia o gastroenterologista Edson Arakaki, diretor médico do laboratório que coordenou a pesquisa mundial. “A falta de comunicação com mães e médicos pode afetar o diagnóstico”.

A tireoide é uma glândula endócrina localizada na frente da laringe, responsável por liberar hormônios importantes para diversas funções do corpo. Quando ela produz pouco hormônio, acontece o hipotireoidismo, e, quando ela produz mais do que deveria, gera o hipertireoidismo.

“A glândula é fundamental desde o desenvolvimento fetal e no crescimento infantil até a fase adulta, especificamente no metabolismo. Ela tem importância também no sistema piloso, que coordena o crescimento de cabelos e unhas, na atividade muscular, no aparelho reprodutor e na libido, e no sistema gastrointestinal”, explica a endocrinologista Laura Sterian Ward, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

O hipotireoidismo congênito, quando o bebê nasce com o problema, afeta um a cada 2.000 a 4.000 crianças no Brasil. Ele é detectado através do teste do pezinho, realizado ainda na maternidade. “Ele é a causa mais frequente de debilidade mental, e pode ser prevenida”, reforça Laura.

Mães que seguem dietas com déficit de iodo durante a gestação, por exemplo, podem levar a esta situação — no Brasil, levantamentos recentes dão conta de que 40% das grávidas têm esta deficiência. Além disso, medicamentos e uma condição autoimune chamada tireoidite de Hashimoto também podem levar ao hipotireoidismo congênito da criança.

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A avaliação clínica dos sintomas pode despertar a desconfiança dos pais, que devem reportar aos médicos sua suspeita. Cansaço e sonolência, dificuldade de aprendizagem, pele seca, queda de cabelo, sensibilidade ao frio e ganho de peso podem indicar que a criança sofre de hipotireoidismo. Irritabilidade, falta de concentração, mãos trêmulas e diarreia, por sua vez, levantariam a possibilidade de que o paciente sofra de hipertireoidismo.

“A quantidade dos sintomas é muito individual”, esclarece Laura. “Por isso, o exame clínico deve ser sempre comprovado com o exame específico de dosagem de TSH”.

FONTE: http://noticias.r7.com/saude/